O director Nacional dos Hospitais, Hernani Quintas, defendeu, nesta quinta-feira, em Luanda, que a rede assistencial deve funcionar de forma integrada e harmonizada.
O responsável falava durante a edição especial comemorativa dos 50 anos do Sistema Nacional de Saúde (SNS), sob o lema: “50 Anos do Sistema Nacional de Saúde, Em prol de uma Saúde de Qualidade e Serviços Humanizados”, de acordo com uma nota.
Hernani Quintas, citado na mesma nota, acrescentou que a rede assistencial deve obedecer a princípios que garantam a fluidez no atendimento, permitindo que o paciente seja correctamente referenciado dos cuidados primários para unidades de maior complexidade, sempre que necessário, assegurando uma assistência eficaz e contínua.
Sublinhou ainda que, ao longo dos 50 anos de existência, o SNS registou um alargamento significativo da rede sanitária nacional, sendo fundamental discutir permanentemente questões como a referência e contra-referência, a qualidade dos serviços e a humanização no atendimento.
“O país dispõe hoje de centros e postos de saúde, hospitais municipais, provinciais e nacionais em pleno funcionamento, sustentados por infra-estruturas modernas e por profissionais de saúde de diversas especialidades”, afirmou.
Apesar dos progressos alcançados, o Director Nacional dos Hospitais reconheceu a existência de desafios, sobretudo ao nível da comunicação entre as unidades sanitárias durante o encaminhamento dos doentes. Segundo explicou, a ausência de informação clínica prévia sobre o estado do paciente cria constrangimentos no atendimento, principalmente em situações de urgência.
Neste sentido, informou que a Direcção Nacional dos Hospitais está a trabalhar com grupos técnicos especializados na revisão dos protocolos de referência e contra-referência, cujos resultados começarão a ser implementados a partir do primeiro trimestre do próximo ano.
\Na sua visão, o processo inclui acções contínuas de formação, supervisão e monitorização, com vista à melhoria da qualidade dos serviços. Hernani Quinta realçou igualmente o crescimento expressivo dos recursos humanos da saúde ao longo das últimas cinco décadas.
Em 1975, Angola contava com menos de 20 médicos, número que actualmente ronda os 10 mil profissionais. Na área da enfermagem, o crescimento foi igualmente significativo, passando de menos de uma centena para milhares de profissionais em todo o país.
Por sua vez, o director-Geral do Hospital do Prenda, Tomás Cassinda, explicou que o sistema hospitalar está organizado em três níveis de atendimento: primário, secundário e terciário, cada um com competências específicas. Segundo esclareceu, existem patologias próprias de hospitais de primeiro nível, outras que devem ser tratadas em unidades provinciais ou gerais, e casos de maior complexidade que exigem cuidados especializados de hospitais de terceiro nível.
Tomás Cassinda defendeu uma maior articulação entre os profissionais dos diferentes níveis, de modo a facilitar o fluxo de referência e contra-referência. Como exemplo, referiu o tratamento de casos de malária grave, que podem ser estabilizados em hospitais de referência, internados por alguns dias e, após a recuperação, encaminhados de volta à unidade de origem.
“O hospital de terceiro nível é terminal e recebe todo o tipo de casos, mas é fundamental que os profissionais conheçam as especialidades disponíveis antes de procederem a uma transferência”, alertou, acrescentando que nem todas as patologias justificam o encaminhamento para unidades terciárias.
A edição especial serviu como um importante espaço de reflexão sobre os desafios e perspectivas do Sistema Nacional de Saúde, reforçando o compromisso das autoridades sanitárias com a melhoria contínua da qualidade, eficiência e humanização dos cuidados de saúde em Angola.