A introdução das novas tarifas de água visa aproximar o custo real ao preço cobrado ao consumidor, o que vai permitir reduzir os níveis de subsidiação por parte do Estado, disse, nesta terça-feira, em Benguela, o ministro da Energia e Águas.
João Baptista Borges, que falava à imprensa local, referiu que o êxito das novas tarifas de água depende, principalmente, da capacidade de cobrança e da transformação do serviço prestado em receitas sustentáveis, o que exige uma gestão mais dinâmica, focada e profissional por parte das empresas do sector.
O ministro destacou que o abastecimento de água tem sido a maior preocupação do Executivo na província de Luanda, por ser a zona com mais de 13 milhões de habitantes, dos quais mais do que a metade não tem acesso à água canalizada.
Segundo João Baptista Borges, decorre, também, um projecto para duplicar a capacidade de abastecimento da capital de 600 mil metros cúbicos para 1,7 milhões.
O objectivo, reforçou, é garantir uma capacidade que permita abastecer mais de 7,5 milhões de pessoas. Para isso, acrescentou que estão a ser construídos dois grandes sistemas, o Bita e Quilonga.
Na parte sul da cidade de Luanda, estão em curso obras de construção de reservatórios, adutoras e outras infra-estruturas, no quadro do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, para transformar o cenário do abastecimento de água na capital do país.
“Como sabem, actualmente, o abastecimento de água nas zonas periféricas é feito, em grande parte, por camiões-cisternas, e as pessoas pagam preços muito altos por uma água que, muitas vezes, não tem qualidade. Esse é o nosso maior desafio”, afirmou, sublinhando que a preocupação com Luanda está relacionada com a elevada concentração populacional e não apenas por ser a capital do país.
Centro e Sul do país
Na região Centro-Sul do país, os desafios são significativos, reconheceu o ministro. Segundo ele, Benguela, por estar numa posição central e pela sua densidade populacional, enfrenta problemas semelhantes, como as províncias do Namibe e Cunene, no que diz respeito, sobretudo, à expansão da rede de abastecimento.
Em Moçâmedes e no Tômbwa, por exemplo, há necessidade de reforçar o sistema de abastecimento. Já na cidade de Ondjiva, garantiu, existe um sistema que, de forma geral, responde às necessidades actuais da população.
João Baptista Borges alertou para o impacto do crescimento populacional nas infra-estruturas de água e energia. “É sabido que Angola tem uma das taxas de crescimento demográfico mais altas do mundo, com 3,3 por cento ao ano. Isso significa mais de 1 milhão de novos habitantes todos os anos, o que aumenta a pressão sobre os serviços públicos”, destacou.
O ministro defende que é necessário expandir as infra-estruturas de abastecimento de água e energia a uma taxa igual ou superior ao crescimento populacional, sob pena de se acentuarem os défices já existentes.