A Companhia Siderúrgica do Cuchi (CSC), na província do Cuando Cubango, tem como projecção anual exportar 100 mil toneladas de ferro gusa para os principais mercados internacionais, com realce para os Estados Unidos e países da Europa.
A convicção dos gestores é de que estas operações permitirão arrecadar cerca de 60 milhões de dólares e ser uma das principais fontes de entrada de divisas para o país.
O projecto de 90 milhões de dólares foi inaugurado na última quinta-feira e está implantado numa área total de 62.500 hectares. A parte fabril ocupa 2.500 hectares e os restantes 60 mil hectares estão destinados à Silvicultura, com plantio de eucaliptos e aproveitamento do material lenhoso, garantindo, assim, a sustentabilidade do ambiente.
O projecto minério começou a ser erguido em 2015, com aprovação do Decreto Presidencial nº81/15, de 20 de Abril, tendo criado as bases para que os seus promotores, empresários angolanos e brasileiros, pudessem interagir com os vários departamentos ministeriais para a sua efectivação.
Decorridos oito anos e apesar da crise financeira que assola o mundo, foi possível concluir a primeira fase da construção da Siderúrgica do Cuchi, que vai, anualmente, produzir 100 mil toneladas de ferro gusa verde, com tecnologia brasileira que utiliza o carvão vegetal para a fundição do minério e que não polui o ambiente.Países como Rússia, Ucrânia e outros de referência no ferro gusa utilizam energias fósseis, que produzem muito dióxido de carbono e afecta especificamente o ambiente.
Por essa razão, Brasil e Angola são os únicos países do mundo que produzem ferro gusa verde a partir de uma fonte de energia renovável.
A Companhia Siderúrgica do Cuchi levou ao mais alto nível e faz com que, actualmente, Angola figure no mapa do mundo, como o segundo país a produzir o ferro gusa verde, após a conclusão da primeira fase deste projecto, que teve o arranque experimental a 1 de Maio deste ano e permitiu criar 1.200 postos de trabalho directos, sendo 26 para cidadãos brasileiros e os restantes para os angolanos, na sua maioria jovens da província do Cuando Cubango.
Para a segunda fase, que inicia no segundo trimestre de 2024 e tem o seu termo em 2025, a CSC prevê a construção de mais três altos-fornos e outras infra-estruturas, num investimento de 260 milhões de dólares para uma produção anual de 520 mil toneladas de ferro gusa e a criação de 5.000 empregos directos.
O presidente do Conselho de Administração da CSC, Rui Silva, destacou que para a implementação deste ambicioso projecto foi um longo e árduo caminho percorrido, com a realização de diversas acções e estudos de equipas angolanas e brasileiras, que confluíram de forma positiva que a mina do Cutato, a cerca de 60 quilómetros da sede municipal do Cuchi, tem bons teores do minério de ferro para a exploração num período promissório superior a 50 anos.
Explicou que feitos os estudos deu-se o início da construção do primeiro alto-forno dos quatro previstos, que tem uma capacidade para a produção de 100 mil toneladas por ano, mas que deverá aumentar para 520 mil toneladas quando se concluir os outros três altos-fornos em falta.