A partir de 2022, o Complexo Industrial Sino-Ord, localizado na comuna da Barra do Dande, província do Bengo, vai passar a exportar mosaico e azulejo para países africanos como a Zâmbia e o Zimbabwe, avançou, quarta-feira, à imprensa, o director executivo da empresa.
Vivaldo Ramos disse que, este ano, a Sino-Ord aumentou a capacidade de produção para mais de 70 por cento. Em média diária, a empresa produz 40 mil caixas de mosaico e 42 mil de azulejo.
"A nossa capacidade de produção permite-nos criar algumas linhas de exportação. Já temos dois contratos firmados com importadores grossistas da Zâmbia e do Zimbabwe e temos, também, boas perspectivas de negócio na Namíbia”, explicou, para acrescentar que no próximo ano, a Sino-Ord prevê abrir um escritório na África do Sul.
A companhia ocupa uma área total de 400 hectares, onde foram investidos cerca de 50 milhões de dólares para pôr a funcionar a fábrica. Actualmente, o complexo industrial conta com três unidades fabris, sendo uma de cerâmica, uma de esmalte e outra de papelão. Cerca de 80 por cento da matéria-prima utilizada no fabrico de mosaico e azulejo é adquirida no país, principalmente no município do Nambuangongo, província do Bengo.
Dois mil postos de trabalho
Com mais de dois mil trabalhadores, sendo que 85 por cento da força de trabalho é composta por cidadãos nacionais, com os restantes 15 por cento sendo representada por expatriados, maioritariamente chineses, o director executivo da Sino-Ord negou todas as informações postas a circular em vários órgãos de comunicação e nas redes sociais que, há mais de um ano, a sua empresa manteve, em cárcere privado, a maioria dos trabalhadores.
Sobre o assunto, Vivaldo Ramos explicou que devido à pandemia da Covid-19, a administração da fábrica reuniu com os trabalhadores para definir uma estratégia de trabalho para o ano de 2020. Neste âmbito, acrescentou, "acordámos que os trabalhadores interessados permaneceriam na fábrica, para que, no final de cada mês, recebessem um bónus de 25 por cento dos seus ordenados”.
"Portanto, entendemos manter alguns trabalhadores no complexo industrial, para evitar a propagação do vírus e criámos todas as condições sociais para eles”, afirmou o responsável, garantindo que, em relação ao grau de cumprimento das recomendações da Inspecção Geral do Trabalho (IGT), a Sino-Ord encontra-se numa escala acima de 80 por cento.
Adiantou que, depois da reunião, a empresa reduziu a carga de trabalho e incrementou alguns incentivos (bónus salarial) para os trabalhadores que aceitaram permanecer na fábrica. A Sino-Ord colocou uma cama para cada indivíduo, instalou mosquiteiros, melhorou as casas de banho e reforçou a alimentação.
Vivaldo Ramos admitiu que, inicialmente, as condições de acomodação e alimentação não eram muito boas mas, que depois de pouco tempo, a Direcção "deu a volta por cima”, fazendo "um grande esforço para cumprir com pelo menos até 80 por cento das recomendações da IGT. Não é do dia para a noite que se criam boas condições para acolher dois mil trabalhadores”, sublinhou.
Um dos trabalhadores, Mayassosa Luningisa, que está há cinco meses na empresa, admitiu que a Direcção da fábrica fez um grande esforço para melhorar as condições salariais e de acomodação dos trabalhadores. "Realmente, no princípio, as condições eram péssimas. Há algum tempo que temos direito a folgas semanais e salários em dia. Espero que continue assim”, suplicou. O funcionário Rafael Diniz, de 25 anos, que reside no município de Viana, em Luanda, não volta para casa há três meses. O trabalhador, admitido há seis meses, justifica que prefere permanecer na empresa para poupar o dinheiro que ganha. "Daqui para Viana é muito distante. Era obrigado a apanhar muitos táxis para vir trabalhar e regressar a casa. Praticamente, todo o dinheiro que ganhava ficava nos táxis. Há três meses que não vejo a minha mulher e filhos, mas pretendo poupar algum dinheiro para avançar com alguns projectos”, revelou.