Vários jornalistas nacionais e estrangeiros abordados, ontem, pela equipa de reportagem do Jornal de Angola mostraram-se expectantes em relação às conclusões da 7ª Cimeira de Luanda, que termina nesta terça-feia, com a divulgação da declaração final, documento que vai apresentar os novos caminhos para uma relação mais forte entre a União Africana e a União Europeia.
Os jornalistas da imprensa estrangeira começaram por saudar Angola pela organização do evento.
Em declarações ao Jornal de Angola, a jornalista da Rádio Nacional de Espanha Sandra Galliardo, no país pela segunda vez, disse ter ficado encantada com o cenário apresentado para o evento, que espera vir a aprofundar cada vez mais a parceria entre os dois continentes.
Já o correspondente da Danish Broadcasting Corporation in Africa, Soren Bendixen, considerou óptima a abertura do evento, que trouxe à ribalta temas de carácter sério e de abordagem urgente.
Para o dinamarquês que está em Angola pela primeira vez, disse que sabe sempre bem começar o evento com os encantos culturais representados na entrada do Salão Protocolar da Presidência da República.
Jackson Okata, jornalista do Kenya News Agency, referiu que como africanos “a nossa cultura é diversa” e a cultura de Angola não foge à regra.
Quanto ao evento, o premiado jornalista de Nairobi, que à semelhança dos demais também se encontra no país pela primeira vez, espera que o que for acordado durante os dois dias do certame seja implementado e traga benefícios para a população do continente.
Por sua vez, o jornalista do diário espanhol "El País" Carlos Cué disse que chegou ao país com uma expectativa muito elevada sobre o evento, por considerar ser muito importante para as relações entre os dois continentes.
"A Europa busca maior influência politica, económica e em tudo o que África precisa desenvolver, e estas cimeiras são importantes, sobretudo para competir com a China, que possui uma influência crescente em toda a África", defendeu o jornalista espanhol.
"A Europa tem uma grande imigração africana e a ideia é alcançar acordos para o desenvolvimento. Desenvolver a África para desenvolver a Europa", disse.
Acrescentou que a Europa precisa de energia, precisa de materiais-primas para a construção de coisas muito importantes que estão em África, sobretudo de mão-de-obra jovem e qualificada, porque o velho continente tem uma população envelhecida e natalidade reduzida.
Por fim, o jornalista do Malawi da Broadcasting Corporation Simeon Boyce considerou a união entre os dois continentes crucial para o fortalecimento do multilateralismo.
Para Simeon Boyce, é bem melhor quando se caminha de mãos dadas com os outros rumo ao desenvolvimento. Diz esperar que, após esse evento, a Europa seja honesta o suficiente para garantir o apoio que o continente africano precisa e não apenas em explorar os recursos.
Profissionais da comunicação social apontam expectativas à volta do encontro
O director do Novo Jornal, Armindo Laureano, considerou a realização desta Cimeira um marco significativo nas relações entre os dois continentes. O jornalista angolano destacou o facto de o encontro estar a acontecer pouco tempo depois da realização da reunião do G20, que teve lugar na África do Sul, marcado por uma agenda que espelha os principais desafios e prioridades de África.
“A questão da paz e da segurança continua central. África é vizinha directa da Europa, um parceiro geopolítico importante, e tem recebido apoio europeu em vários esforços de pacificação, assistência humanitária e programas de manutenção da paz”, afirmou.
Armindo Laureano lembrou que a mobilidade e a migração constituem temas sensíveis, insistindo, por isso, na necessidade da criação de mecanismos que permitam fluxos migratórios regulados e seguros, com vista à redução de riscos de vida de milhares de africanos que seguem para a Europa em condições precárias.
Por seu turno, o director editorial do Grupo MediaCoop e do Jornal Savana de Moçambique, Fernando Gonçalves, considerou a Cimeira de Luanda um esforço renovado para reforçar a cooperação político-diplomática, económica e de segurança entre os dois continentes.
“É fundamental que haja um investimento sério na beneficiação dos recursos naturais africanos. Não faz sentido que continuemos a exportá-los em bruto sem gerar valor local. A industrialização significaria mais empregos e melhor desempenho económico”, afirmou o jornalista moçambicano.
Fernando Gonçalves avaliou positivamente o ambiente social e económico de Angola, país que visitou novamente após mais de duas décadas. “Vejo Angola a desenvolver-se muito rapidamente. Há infra-estruturas novas que não existiam há alguns anos. O país está de parabéns, sobretudo pelo facto de ter celebrado 50 anos de Independência”, disse.