O país poderá contar com mais uma fonte de divisas para a economia, em virtude da assinatura de um acordo de intenções assinado entre a Agência de Regulação e Certificação de Carga Logística de Angola (ARCCLA), a Associação Agropecuária de Angola e as empresas alemãs, Westifalia e Flying Swans, que prevê a importação de abacate a partir da Plataforma Logística da Caála, na província do Huambo.
Segundo o presidente do Conselho de Administração da ARCCLA, Catarino Fontes Pereira, a primeira exportação de abacate de Angola para a Europa será supervisionada por uma equipa chefiada pelo administrador da Westifalia, Zac Bard, cujo desiderato surge na sequência do acordo de intenções, rubricado em Setembro do ano passado (2024), entre a ARCCLA, a Associação Agropecuária de Angola (AAPA), a Westifalia e a Flying Swans, com vista a dinamização da cadeia de valor do abacate a partir da Plataforma Logística da Caála, província do Huambo.
O acordo prevê a partilha de informação, assistência técnica e financiamento aos produtores nacionais no sentido de desenvolver e acelerar a indústria de exportação de abacate, facto que pressupõe garantir a obtenção de certificações fitossanitárias, entre outros requisitos e normas impostas pelos governos ou por clientes, de modo que o abacate produzido em Angola tenha os padrões de qualidade internacionalmente reconhecidos.
O PCA da ARCCLA, Catarino Fontes Pereira, é um homem convicto de que os resultados dos quatro anos de existência da instituição que dirige começam a ser visíveis, razão pela qual exorta a sua equipa a continuar a primar pela mesma entrega e dedicação nas tarefas que lhes são incumbidas.
Diplomacia económica
Criada em 2020, em substituição do então Conselho Nacional de Carregadores, sob égide do Ministério dos Transportes, a ARCCLA tem-se destacado pela intensa diplomacia económica junto de países com que Angola tem acordos de cooperação bilateral, servindo-se das vantagens comparativas que o país apresenta no cenário internacional.
Destaca-se a localização geográfica privilegiada e o Corredor do Lobito, uma infra-estrutura no domínio dos transportes que pode ligar o Oceano Atlântico ao Índico a partir do Porto do Lobito, em Benguela, passando pelas províncias do Huambo, Bié e Moxico, com ligação aos países fronteiriços da Zâmbia e República Democrática do Congo.
O mercado mundial de abacate vem crescendo a taxas expressivas na ordem dos 9,4 por cento ao ano, com as estatísticas a revelarem que, em 2022, gerou receitas na ordem dos 14.85 mil milhões de dólares.
A indústria do abacate no mundo cifrou-se em cerca de 22,69 mil milhões de dólares em 2024 e há previsão de atingir 35,55 mil milhões de dólares até 2029.
Nesta conformidade, o Executivo angolano, por intermédio da ARCCLA, em parceria com a AAPA, gizou um programa ambicioso, que poderá ter reflexos na diversificação das fontes de divisas no médio e longo prazos, com vista a aproveitar o potencial para o cultivo do abacate em quase toda a extensão do território nacional, com predominância a região do Planalto Central.
Face ao elevado valor comercial e à escassez de regiões especializadas na sua produção, um programa que encontra suporte em infra-estruturas como o Corredor do Lobito e a Rede Nacional de Plataformas de Logística que permitem desenvolver a cadeia de valor do Agro-negócio.
Projecto piloto “Cluster do Abacate”
O "município do Minho", localizado na província do Huambo, deverá ser um dos maiores fornecedores de abacate para consumo nacional e exportação a partir do presente ano, em virtude da operacionalização do projecto denominado "Cluster do Abacate", um consórcio que terá centros de produção em diferentes regiões.
A fase piloto está implantada na Fazenda Mungo, levada a cabo pelo Ministério dos Transportes, representado pela Agência de Regulação e Certificação de Carga Logística (ARCCLA) e a Embaixada do Reino dos Países Baixos.
O director do projecto, Chris Mister, disse à nossa reportagem que a opção pela região do Minho se deve ao facto da zona ostentar um raro potencial para produzir abacate do mais alto padrão com foco na exportação para os mercados europeus e dos Estados Unidos da América, numa altura em que já existem parcerias com empresas que mostram interesse nas trocas comerciais com o mercado angolano.
A produção e processamento de abacate, na perspectiva de Chris Mister, será uma das principais fontes de receitas para a economia nacional, tendo em conta a análise de especialistas, baseadas em indicadores excepcionais, tais como clima ideal, altitude, concentração de fontes de água diversas e pouca densidade que conferem ao Planalto Central as condições perfeitas para a cultura desta importante matéria-prima.
"Foram investidas altas somas em dinheiro na fase embrionária porque se trata de um projecto que vai transformar toda a região do ponto de vista económico", augurou.
Estudos realizados revelam que Angola, em geral, reúne boas condições para o cultivo do abacate, mas a região do Planalto Central faz a diferença pelas excelentes condições particulares, sendo considerada uma "janela de exportação.
O Cluster do Abacate congrega um conjunto de três fazendas comerciais que irão trabalhar em conjunto com os agricultores familiares, numa altura em que já foram seleccionados os primeiros parceiros que beneficiam de capacitação e milhares de plantas do abacateiro de diferentes espécies, de modo a transitarem da agricultura de subsistência para a comercial.
A ARCCLA, na qualidade de instituição reguladora responsável pela fiscalização e regulação da actividade dos agentes na cadeia logística, tem, entre várias atribuições, a missão de gerir a Rede Nacional de Plataformas de Logística (RNPL), na qual estão inseridas as plataformas logísticas da Caála (Huambo), da Arimba (Malanje), do Luvo (Uíge) e Luau (Moxico, vocacionadas para apoiar os centros de produção, no quadro do programa de diversificação da economia e alcance da auto-suficiência alimentar.